segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Faleceu o pastor Nilson do Amaral Fanini

Fanini é um nome inesquecível. Muitos, sejam evangélicos ou não, já ouviram falar dele, sempre cercado de bons feitos. Afinal, Nilson do Amaral Fanini foi um dos maiores evangelistas mundiais do século 20 - juntamente com Billy Graham - liderança máxima na denominação batista, respeitado por todo meio evangélico. Sua ficha de contribuição é imensa e ele será lembrado interminavelmente.

No dia 19 de setembro, às 4.45, em Forth, Texas (EUA) - 6.45 no horário de Brasília - pastor Fanini morreu aos 77 anos. O corpo se vai, o nome jamais. Muito menos a contribuição deixada por um homem de Deus que deu a vida pelo Evangelho. Mesmo muito frágil, continuava pregando, trabalhando a frente da Igreja Batista Memorial de Niterói (RJ). Subia ao local do púlpito com dificuldade, mas prosseguia no pastorado. Atualmente, expressava seu inigualável sermão diante da pequena igreja que amava, fundada por ele há quatro anos, depois de passar por tantas tormentas que o desgastaram. Foi caluniado e humilhado por muitos que ostentam "sorrisos de hiena". Pastor Fanini os perdoou. Superou e recomeçou seu ministério.  

Estava em Dallas para conhecer a netinha recém-nascida, filha de Margareth, caçula do casal Nilson e Helga Fanini. No domingo, dia 13, sentiu-se mal, teve febre e foi internado. Com a saúde já enfraquecida, contraiu um forte vírus, teve complicações e derrame em vários locais. Esteve em coma desde terça-feira passada. Nessa situação delicada, a junta médica disse que o quadro era irreversível.

O mais significativo nessa fase é que pastor Fanini tinha tal intimidade com Deus que estava preparando-se para "encerrar a carreira". Como se recebesse a mensagem do mestre: "Organiza tudo porque vou te chamar!" E assim, antes mesmo de viajar, escreveu cartas, deixou registros, planejou tudo. Ao pastor Oseas Silva, co-pastor de sua igreja, deu a ordem do culto do seu próprio funeral e pediu que cartas específicas fossem entregues. Estava sob o controle de Deus.

E Deus foi bom demais porque permitiu que pastor Fanini morresse perto de toda sua família, junto dos três filhos, genros, noras e netos, que moram no Texas. Sua esposa pôde receber apoio da própria família. Se o casal estivesse no Brasil, a dor seria diferente. Deus fez seu coração continuar batendo, para surpresa dos médicos, por cerca de 36 horas após morte cerebral, a fim de que todos familiares estivessem ao redor de sua cama. Era um coração forte de amor pelas pessoas e ovelhas que amava. Mas parou de bater hoje cedo pela manhã.

E agora há uma grande festa no céu. Uma comemoração na chegada de um servo bom e fiel, amado e que guardou a fé. Lá deve estar cantando seu hino preferido: "Quando Cristo sua trombeta lá do céu mandar tocar". Um dos mais conhecidos e respeitados líderes evangélicos do país deixa saudades. Permanece, no entanto, vivo na história do Cristianismo contemporâneo e na vida dos que bem influenciou.

PREPARATIVOS FINAIS

Durante a semana de 21 a 26 de setembro, pastor Fanini recebe homenagens do povo americano em Fort Word, no seminário em que completou seu Mestrado e Doutorado. Na semana seguinte, será homenageado em Niterói (RJ), com um culto em sua Igreja Batista Memorial a ainda na Câmara Municipal da cidade, onde uma cerimônia obedecerá o protocolo oficial para recebimento de autoridades constituídas. As despedidas também serão feitas com seu trajeto em carro aberto do Corpo de Bombeiros de Niterói, passando em frente da igreja onde pastoreou por mais de 40 anos, Primeira Igreja Batista em Niterói, e da sua igreja atual.

BOAS MARCAS

A história de Nilson Fanini é cheia de realizações marcantes. Ajudou a construir vidas, projetos, obras. Paranaense, iniciou seu ministério pastoral nos anos 50. Foi pioneiro no evangelismo em TV no Brasil com a criação do programa Reencontro, que manteve no ar por três décadas. Era um homem de mídia, elaborando programas de rádio e TV. Publicou cinco livros e produziu milhares de mensagens, estudos bíblicos e trabalhos de cunho teológico. Também foi desbravador na área de ação social quando fundou e presidiu há mais de 30 anos o Reencontro, entidade que presta atendimento médico, educacional e social aos carentes. Na área de educação teológica, construiu o Seminário Teológico Batista de Niterói. Galgou cargos importantes na denominação, como a presidência da Convenção Batista Brasileira (CBB) até chegar a ser por três anos, na década de 90, Presidente da Aliança Batista Mundial, que congrega mais de 100 milhões de fiéis em todo o planeta.

Durante 41 anos, liderou a Primeira Igreja Batista de Niterói (RJ). Ali deixou marcas benéficas, moldou o caráter de ovelhas, fez a igreja se destacar como grande celeiro de produções bem sucedidas. Realizou cruzadas em 109 países, celebrou cerca de 11 mil batismos. Rendeu muitos frutos como evangelista, como líder e como pastor. 
VIRGÍNIA RODRIGUES

 

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

NO OLHO DO FURACÃO

NO OLHO DO FURACÃO
                O Senhor tem o seu caminho na tormenta e na tempestade” (Naum 1.3)
                Hecatombes, desastres, revoluções, perseguições, pandemias, dívidas, doenças diagnosticadas, família incorrigivelmente desestruturada... como viver a fé em meio ao caos? Como estar em paz quando nos encontramos no olho do furacão? Essas coisas desestabilizam, sacodem, desequilibram, tiram o chão.
                Basta um pequeno aneurisma no cérebro, basta o surgimento de um nódulo no seio, ou a comprovação de uma traição, para que de repente sejamos jogados no olho do furacão.
                Faz parte do ser humano buscar a segurança e a previsibilidade, e é comum imaginar que vida boa é vida sem sobressaltos, e livre de más notícias.  Mas creio que pode haver um elemento de transformação do ser que somente é despertado em meio à borrasca. Uma mudança de perspectiva e de postura pode surgir em meio ao turbilhão. Quem pode afirmar que ali não se iniciará uma caminhada de volta ao Pai? Uma mudança de olhos daquilo que é temporal e efêmero para o que é eterno? O Senhor tem o seu caminho na tormenta e  na tempestade (Naum 1.3)!
                Estar no olho do furacão nos faz repensar a vida. Há um aprendizado em curso. Quem já passou pelo vale da sombra da morte, com um diagnóstico “irreversível” num hospital, aprenderá agradecer a Deus fervorosamente cada manhã vivida. Quem um dia perdeu tudo, foi humilhado, e sentiu-se sozinho, saberá valorizar a amizade, o companheirismo e a solidariedade. Aquele que um dia passou necessidade extrema reconhecerá o valor que há em comer um simples pedaço de pão.
                A consciência da iminência da morte faz o homem relembrar a sua finitude e temporalidade. A solidão, o medo, o vazio, possuem o bendito valor  terapêutico de resgatar sentimentos que até então encontravam-se adormecidos dentro da alma.
                Acho de uma beleza comovente quando Davi se refugia numa caverna, a caverna de Adulão,  fugindo de um ensandecido Saul, que desejava matá-lo. Seus irmãos e toda a casa de seu pai souberam, e foram para a caverna para estar com ele.  E o mais surpreendente: ajuntaram-se a Davi todos os homens que “se achavam em aperto, endividados, e todos os amargurados de espírito”, e Davi se fez chefe deles (1Sm 22.1-2). Quem está no olho do furacão não está só.
                Desdenho a “fé” dos falastrões da TV, mas me comovo com a fé daquelas mães que levam seus filhos todos os dias para tratamento na AACD. Não me comovo com testemunhos patéticos de “prosperidade”, mas me emociono vendo filhos cuidando de seus velhos com o mal de Parkinson ou Alzheimer, que nem os reconhecem mais. Acho que agora compreendo quando o Pregador diz que “melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, pois naquela se vê o fim de todos os homens” (Ecl 7.2). Sim, precisamos conhecer o fim para saber viver o meio.
                Hoje não nos reunimos mais em uma caverna em torno de um homem – seja ele sacerdote, pastor ou apóstolo – mas em torno Daquele que compreende o que é sofrer, pois passou por esse caminho antes de nós. Jesus, o Filho de Davi está preparado para receber as almas angustiadas que se unirão à Sua volta, obedecendo à sua vontade. Ele recebe a todos, por mais miseráveis que sejam.
                Nossas reuniões não são para os felizes, nem para os sãos, e nem para os que bastam a si mesmos, mas para quem tem algo difícil de suportar, e vem até a Cruz para chorar, pedir, suplicar. Venha se unir em torno de Cristo. Amém! 
(Pr Daniel Rocha)


quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Vergonha de ser virgem



Augustus Nicodemus
Alguns anos atrás fiquei estarrecido com uma estatística publicada por uma revista evangélica após entrevistas feitas com jovens evangélicos de 22 denominações. Estes jovens, a grande maioria composta de solteiros, haviam nascido em lar evangélico e eram frequentadores regulares de igrejas. De acordo com a pesquisa, 52% deles já haviam tido sexo. Destes, cerca da metade mantinha uma vida sexual ativa com um ou mais parceiros. A idade média em que perderam a virgindade era de 14 anos para os rapazes e de 16 anos para as moças.

Essa reportagem foi publicada em setembro de 2002. Desconfio que os números são ainda mais estarrecedores se forem atualizados para 2009.

Não vou aqui gastar muito tempo defendendo o que, acredito, a maioria dos nossos leitores já sabe que é nossa posição: sexo é uma bênção a ser desfrutada somente no casamento. Namorados que praticam relações sexuais estão pecando contra a Palavra de Deus. Mesmo que não tenhamos um versículo que diga "é proibido o sexo pré-marital" (desnecessário à época em que a Bíblia foi escrita, visto que na cultura do antigo Oriente não existia namoro, noivado, ficar, etc.), é evidente que a visão bíblica do casamento é de uma instituição divina da qual o sexo é uma parte integrante e essencial.

Alguns textos que mostram que contrair matrimônio e casar era uma instituição oficial entre o povo de Deus, e o ambiente próprio para desfrutar o sexo:

"... nem contrairás matrimônio com os filhos dessas nações" (Dt 7.3).

"... Aumentem quanto quiserem o preço e o presente pela noiva, e pagarei o que me pedirem. Tão-somente me dêem a moça por mulher" (Gn 34.12).

"... e lhe dará uma jovem em casamento..." (Dn 11.17).

"... Respondeu-lhes Jesus: Podem, acaso, estar tristes os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles?" (Mt 9.15).

"... nos dias anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento" (Mt 24.38).

"... Três dias depois, houve um casamento em Caná da Galileia, achando-se ali a mãe de Jesus. Jesus também foi convidado, com os seus discípulos, para o casamento" (Jo 2.1-2).

"... Estás livre de mulher? Não procures casamento" (1Co 7.27).

"... Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência, que proíbem o casamento..." (1Tm 4.1-3).

"... Se um homem casar com uma mulher, e, depois de coabitar com ela, a aborrecer, e lhe atribuir atos vergonhosos, e contra ela divulgar má fama, dizendo: Casei com esta mulher e me cheguei a ela, porém não a achei virgem..." (Dt 22.13-14)

"... qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério" (Mt 5.32).

"... Se essa é a condição do homem relativamente à sua mulher, não convém casar" (Mt 19.10).

"... Caso, porém, não se dominem, que se casem; porque é melhor casar do que viver abrasado" (1Co 7.9).

"... Mas, se te casares, com isto não pecas; e também, se a virgem se casar, por isso não peca" (1Co 7.28).

"... A mulher está ligada enquanto vive o marido; contudo, se falecer o marido, fica livre para casar com quem quiser, mas somente no Senhor" (1Co 7.39).

"... ao que lhe respondeu a mulher: Não tenho marido. Replicou-lhe Jesus: Bem disseste, não tenho marido; porque cinco maridos já tiveste, e esse que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade" (Jo 4.17-18).

"... alguém (o presbítero e/ou pastor) que seja irrepreensível, marido de uma só mulher..." (Tt 1.6).

"... quanto ao que me escrevestes, é bom que o homem não toque em mulher; mas, por causa da impureza, cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido." (1Co 7.1-2)

"... Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros" (Hb 13.4).

"... que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra, não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus; e que, nesta matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão; porque o Senhor, contra todas estas coisas, como antes vos avisamos e testificamos claramente, é o vingador, porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação" (1Ts 4.4-7).

As passagens acima (e haveriam muitas outras) mostram que casar, ter esposa, contrair matrimônio é o caminho prescrito por Deus para quem não quer ficar solteiro ou permanecer viúvo. O casamento era, sim, uma instituição oficial em meio ao povo de Deus. As relações sexuais fora do casamento nunca foram aceitas, quer em Israel, quer na Igreja Primitiva, a julgar pela quantidade de leis contra a fornicação e a impureza sexual e pelas leis e exemplos que fortalecem o casamento como instituição para o povo de Deus em todas as épocas.

O ônus de provar que namorados podem ter relações sexuais como uma coisa normal é dos libertinos. Posso me justificar biblicamente diante de Deus por viver com minha namorada como se ela fosse minha esposa, não sendo casados? Como eu lido com essa evidência massiva de que o casamento é a alternativa bíblica para quem não quer ficar solteiro ou viúvo?

O que existe na verdade é aquilo que Judas menciona em sua carta, sobre pessoas ímpias que transformam a graça de Deus em libertinagem (Jd 4). Os argumentos do tipo, "quem casou Adão e Eva" demonstram o grau de má vontade e a disposição do coração de continuar na prática da fornicação, mesmo diante da resposta: "O caso de Adão e Eva não é nosso paradigma, a não ser que você tenha sido feito diretamente do barro por Deus e sua namorada tenha sido tirada de sua costela. Se não foi, então você deve se sujeitar ao paradigma que Deus estabeleceu para toda a raça humana, para os descendentes de Adão e Eva, que é contrair matrimônio, casar-se, um compromisso público diante das autoridades civis".

Os demais argumentos -- "é melhor que os namorados cristãos tenham sexo responsável entre sido que procurar prostitutas, etc." nem merecem resposta. O que falta realmente é domínio próprio, castidade, submissão à vontade de Deus, amor à santificação.

Chegamos ao ponto em que os rapazes e as moças cristãos têm vergonha de dizer, até mesmo em reuniões de mocidade e de adolescentes, que são virgens.

Tenho compaixão dos jovens e adolescentes de nossas igrejas. Mas sinto uma santa ira contra os libertinos, que pervertem a graça de Deus, pessoas ímpias, que desviam nossa juventude para este caminho. "A vingança pertence ao Senhor" (Rm 12.19).


• Augustus Nicodemus é pastor presbiteriano, chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie, doutor em interpretação bíblica pelo Westminster Theological Seminary, Estados Unidos, e autor de, entre outros, “O que Estão Fazendo com a Igreja” (Mundo Cristão). Artigo publicado originalmente no blog do autor: O Tempora, O Mores!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Liderança e Administração na Bíblia

Veja que matéria interessante...

Clipping Eletrônico - Departamento de Comunicação,PUC-Campinas Bíblia e recursos humanos 27/08/2009 FAUSTINO VICENTE

Solicitados, numa de nossas palestras, a sugerir a  leitura de um livro especial na abordagem de conceitos e práticas sobre clima organizacional, indicamos a Bíblia - o que causou uma certa estranheza - pela equivocada percepção da abrangência, e da profundidade, desse best seller cristão, um legítimo manual de qualidade de vida. Visão, Missão, Valores, Princípios, normas de procedimento e metas, elementos que ganharam status organizacional no século 20, constam nas Escrituras de forma explícita. Uma das primeiras referências encontra-se na construção da Arca de Noé. A ordem de serviço veio com todas as especificações técnicas: "Faze uma arca de tábuas de cipreste; nela farás compartimentos e a calafetarás com betume por dentro e por fora. Deste modo a farás: de trezentos côvados será o comprimento; de cinquenta, largura; e a altura, de trinta. Farás ao seu redor uma abertura de um côvado de altura; a porta da arca colocarás lateralmente; farás pavimentos na arca: um em baixo, um segundo e um terceiro" (Gênesis 6: 14-16).

Hoje, produtos e serviços são desenvolvidos obedecendo normas técnicas internacionais, cujos certificados são verdadeiros passaportes para a inserção das empresas nos negócios globalizados. Entre as habilidades gerenciais de Noé, destaca-se a sua capacidade de planejamento organizacional, disciplina tática no cumprimento do cronograma, "ouvido de mercador" frente às provocações dos incrédulos de plantão e a aguçada percepção no aproveitamento das características individuais de cada um de seus colaboradores. Formou uma equipe, motivou-a, alocou recursos, estabeleceu processos operacionais, distribuiu tarefas, informou o prazo e gerenciou o andamento do projeto. Noé não foi apóstolo da burocracia.

Outro personagem histórico da Bíblia é José do Egito - administrador admirável, (Gênesis 41: 37-45) que pode ser comparado como CEO (Chief Executive Officer) presidente-executivo, de hoje. Notabilizou-se, principalmente, pela administração do país nos períodos "das sete vacas gordas e das sete vacas magras", interpretados como anos de fartura e de escassez. Em termos de relacionamento interpessoal, a vida de José é uma das mais comoventes e atraentes da história.

As vagarosas e silenciosas passadas de Moisés pelo deserto o colocaram na galeria dos protagonistas que agregam valores à gestão de recursos humanos. Dentre os seus desafios destaca-se a complexidade no atendimento das necessidades dos milhares de judeus que liderava a caminho da Terra Prometida. A solução do problema partiu de seu sogro, Jetro, quando lhe disse: "E tu, dentre todo povo, procura homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza; e põe-nos sobre eles por maiorais de mil, maiorais de cem, maiorais de cinquenta e maiorais de dez; para que julguem este povo em todo tempo, e seja que todo negócio pequeno eles o julguem: assim a ti mesmo te aliviarás da carga, e eles a levarão contigo" (Êxodo, 18:13-26). Nascia, assim, uma metodologia de descentralização do poder – o "calcanhar de aquiles" das atividades humanas. Reagimos como democratas, mas agimos como autocratas.

Esta é a mais devastadora das causas de desmotivação de funcionários e do desaparecimento prematuro de promissoras lideranças. O clima organizacional das empresas depende, essencialmente, de uma política de recursos humanos que consolide a seguinte prática: dar oportunidades (iguais) para que os funcionários possam revelar e/ou desenvolver o seu potencial. Questionar as idéias, não as pessoas é a mais eficaz das estratégias para manter a indispensável "oxigenação" do processo gerencial.

Entendemos que, se lêssemos, refletíssemos e vivenciássemos, com maior frequência, os ensinamentos contidos na Bíblia seríamos muito mais felizes e, de quebra, muito mais prósperos. É crer para ver.

Faustino Vicente é consultor de empresas e de órgãos públicos.

Fonte: Correio Popular

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO


Lições aprendidas com o planejamento estratégico
Pr. Lourenço Stelio Rega


Desde a juventude sempre atuei na gestão, seja de projetos, de organizações ou departamentos. Logo cedo aprendi que se algo precisa ser feito, é preciso investir em seu preparo. Minha primeira experiência nesta área foi quando, aos 17 anos, tive de assumir a direção de uma Escola Bíblica Dominical – com a antiga nomenclatura de superintendente da EBD. Descobri que tinha de prever as atividades que precisavam ocorrer de modo a ajustar a agenda dos eventos. Assim, sem saber os nomes corretos das “coisas” do planejamento, percebi que sem cronograma e previsão pouco poderia alcançar.

 
Depois notei que quem “tocava” a EBD, de fato, eram os professores, e desta forma descobri o sentido de equipe, mesmo sem saber que existia essa palavra. Aí procurei entender como o professor trabalhava. Descobri a Pedagogia e a Didática (gostei tanto que até hoje estou “embriagado” por isto no magistério teológico).

Tentei encontrar alguém que pudesse “capacitar” (palavra inexistente naquela época no meio evangélico) os professores. Não achei ninguém. Mergulhei em livros educacionais e comecei a preparar textos para ajudá-los a exercer o seu papel. Na época não tinha xérox, então eu consegui um mimeógrafo a tinta manual, isto é, tinha de “bater” à máquina o estêncil, prender debaixo de uma tela, colocar tinta preta em cima da tela, colocar o papel sulfite embaixo e depois passar um “rodinho” para espalhar a tinta. Cada cópia era produzida artesanalmente. Como eu tinha trabalhado em gráfica como tipógrafo, aquilo era simples de fazer. Depois comprei um mimeógrafo a álcool, um dos primeiros de minha cidade.


Eu marcava (a palavra “agendar” era desconhecida) as reuniões com os professores antecipadamente, preparava tudo antes das reuniões e reconfirmava a sua presença alguns dias antes da reunião. Os resultados começaram a aparecer e o pessoal percebia que tudo estava funcionando e se sentia motivado a vir nas reuniões. Criamos também programas de recuperação a alunos desistentes, campanhas, eventos, etc.


As pessoas passaram a acreditar no meu trabalho e um efeito colateral disso tudo é que, se algo tinha de ser feito, eu era escolhido para liderar. Comecei a me sobrecarregar com tanta atividade que tive de aprender a gerir o meu tempo pessoal e descobri que o líder de equipe precisa antes ser líder de sua própria vida. No fundo trabalhava tanto para a obra de Deus que estava esquecendo do Deus da obra. Aí descobri que o líder, além de gerir a sua própria vida, precisa estabelecer prioridades para si mesmo, começando de seu relacionamento com Deus, consigo mesmo, com seu matrimônio, com sua família e depois, finalmente, com suas atividades. Nesta época eu já estava casado e com dois filhos.


Depois de quase 40 anos passados daquela minha primeira experiência de “gestor educacional” numa simples e pequena igreja onde era, na época, o interior de São Paulo, hoje já me vejo em fase de planejamento da aposentadoria. Posso dizer, no entanto, que ainda tenho fortes traços de personalidade “workahoolic” em meu sangue, tendo em vista a hipertenacidade que se tornou um estilo de vida. Um filho casado, dois no caminho, esposa que pode voltar a estudar, agora me transformaram em consultor de planejamento de suas vidas.


Tem sido gostoso e agradável olhar para trás e ver como Deus foi construindo tudo isto, especialmente quando estou em meu cantinho de sossego no alto das montanhas mineiras e vendo lá embaixo o vale e as montanhas ao longo do horizonte, sempre tendo em mente que tudo foi construído por Deus com detalhes de um planejamento minucioso e cuidadoso.


A verdade é que, toda tecnologia, vocabulário e ferramenta sobre planejamento, eu acabei adquirindo há cerca de 20 anos atrás, portanto, fazia planejamento estratégico sem saber que aquilo era isso mesmo. Se não tinha um recurso ou ferramenta para usar, pois os livros eram raros, eu ficava acordado até tarde ou acordava mais cedo para inventar, adaptar, datilografar (depois digitar), até mesmo porque era “pecado” usar livros seculares (“do mundo”) para o planejamento na igreja. Criei diversos inventários, um até para ajudar as pessoas a verem o seu nível de espiritualidade (imagine só isso, e feito na década de 80!), depois veio o inventário de dons (que já foi até publicado sem a citação de minha autoria) e tantas outras ferramentas.


O período, diríamos, técnico e científico sobre o planejamento em meu ministério veio antes de minha ida para pastorear na Ilha de Vitória, quando eu e o Ed René Kivitz ainda tínhamos tempo de “trocar figurinhas” sobre as descobertas em planejamento. Ele estava começando o seu pastoreio na IBAB, naquela época ainda na Rua Clélia. Foi uma época de grande aprendizagem juntos. Fui para Vitória e lá encontrei uma pessoa fenomenal em termos de amizade e de planejamento que me influenciou muito – Almir Cordeiro Júnior. Ele me ensinou a tecnologia do planejamento estratégico que uso até hoje e o famoso mapa conceitual das fases do planejamento estratégico.


Em resumo, Deus criou o mundo e para isto se valeu de um intrincado planejamento em que as coisas criadas vinham em sua devida hora. Depois de tudo pronto ele transferiu a Adão e Eva a gestão da natureza criada. Assim a primeira atividade humana foi o gerenciamento.

 
O planejamento estratégico nada mais é do que a reflexão antecipada sobre o que precisamos e desejamos fazer e a busca dos meios para alcançar isso, dentro de um prazo estabelecido. Sem o planejamento antecipado vamos depender de quem argumenta melhor, de quem tem mais poder ou de quem tem a chave do cofre (frase do Ed René).


Para elaborar o planejamento estratégico temos de seguir as suas fases. Antes de tudo será preciso estabelecer para nossa organização a sua natureza (razão de ser e missão), a sua filosofia (normas/doutrinas e valores/prioridades), avaliar o seu entorno em busca do público-alvo a ser atendido ou âmbito de atuação. Somente depois vem a visão de futuro que almejamos.


Na área empresarial a visão geralmente poderá vir antes de tudo, mas no campo eclesiástico, ela vem depois, pois a natureza e filosofia da igreja são pré-estabelecidas na Bíblia. Aí temos condições de estabelecer os objetivos que precisamos cumprir para alcançar o fim esperado. Dos objetivos estabelecemos as estratégias, depois as metas mensuráveis e as ações setoriais. Em seguida será preciso levantar os recursos necessários e a viabilidade financeira. Tudo ok até agora? Então se temos recursos, se os objetivos são viáveis para que a visão se estabeleça, colocamos mãos à obra partindo para as atividades (permanentes) e os projetos (temporais). Dentro de períodos pré-estabelecidos temos de avaliar as atividades e os projetos para saber se estão no rumo certo e vamos ver se será preciso replanejar a visão, os objetivos e assim por diante num processo de ativo feedback.


É simples assim! Simples que nada, quem lidera precisa ter o mapa de tudo na mão e saber envolver a equipe. Assim você aprende que planejamento estratégico sem gestão estratégica transforma o próprio planejamento numa bela peça literária. E nem falamos em ciclo de vida dos projetos. Aqui eu teria de lembrar do amigo, já falecido, Darcy Dusilek que me ensinou sobre a famosa curva sigmóide do ciclo de vida. Mas isso fica para outra hora.

Pr. Lourenço Stelio Rega – Diretor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo

Reprodução Autorizada desde que mantida a integridade dos textos, mencionado o autor e o site www.institutojetro.com e comunicada sua utilização através do e-mail artigos@institutojetro.com

Fonte: http://www.institutojetro.com.br/lendoartigo.asp?t=3&a=1656