Ricardo Alexandre nasceu em Jundiaí em 1974, escreve profissionalmente desde 1993. Foi repórter do jornal O Estado de São Paulo, redator-chefe da revista Bizz, editor do portal Usina do Som, editor-chefe da revista Monet e desde 2008 é diretor de redação da revista Época São Paulo. Seu livro mais recente, Nem vem que não tem – A Vida e o Veneno de Wilson Simonalfoi eleito pela Câmara Brasileira do Livro como uma das 10 melhores biografias do ano no 52oPrêmio Jabuti. Já escreveu para veículos como Superinteressante, Folha de S.Paulo, Trip,Carta Capital e Época, entre outros.
Palestra com o repórter Ricardo Alexandre autor da reportagem “A Nova Reforma Protestante”, capa da revista Época de 09/08/2010
Palestra com o repórter Ricardo Alexandre autor da reportagem “A Nova Reforma Protestante”, capa da revista Época de 09/08/2010
Palestra “ESTAMOS PREPARANDO NOSSAS IGREJAS PARA O MUNDO DE HOJE OU DE ONTEM?”
Depois de nove meses de entrevistas, pesquisas e trabalho de reportagem, o jornalista Ricardo Alexandre (diretor de redação da revista Época São Paulo) publicou a matéria “A Nova Reforma Protestante” como capa da segunda maior publicação do Brasil, a Época – mais de 400 mil exemplares vendidos semanalmente –, um texto sobre novas tendências da igreja evangélica no país, inspiradas no cristianismo primitivo, conectadas à internet e definitivamente diferentes dos “evangélicos” que figuram nas páginas policiais dos jornais.
Esta Palestra foi ministrada no dia 29/10/2010 (Sexta-feira) às 8h na Igreja Batista Central de Campinas
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Aqui vai a reportagem na íntegra!
Inspirado no cristianismo primitivo e conectado à internet, um grupo crescente de religiosos critica a corrupção neopentecostal e tenta recriar o protestantismo à brasileira
Rani Rosique não é apóstolo, bispo, presbítero nem pastor. É apenas um cirurgião geral de 49 anos em Ariquemes, cidade de 80 mil habitantes do interior de Rondônia. No alpendre da casa de uma amiga professora, ele se prepara para falar. Cercado por conhecidos, vizinhos e parentes da anfitriã, por 15 minutos Rosique conversa sobre o salmo primeiro (“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios”). Depois, o grupo de umas 15 pessoas ora pela última vez – como já havia orado e cantado por cerca de meia hora antes – e então parte para o tradicional chá com bolachas, regado a conversa animada e íntima.
Desde que se converteu ao cristianismo evangélico, durante uma aula de inglês em Goiânia em 1969, Rosique pratica sua fé assim, em pequenos grupos de oração, comunhão e estudo da Bíblia. Com o passar do tempo, esses grupos cresceram e se multiplicaram. Hoje, são 262 espalhados por Ariquemes, reunindo cerca de 2.500 pessoas, organizadas por 11 “supervisores”, Rosique entre eles. São professores, médicos, enfermeiros, pecuaristas, nutricionistas, com uma única característica comum: são crentes mais experientes.
Apesar de jamais ter participado de uma igreja nos moldes tradicionais, Rosique é hoje uma referência entre líderes religiosos de todo o Brasil, mesmo os mais tradicionais. Recebe convites para falar sobre sua visão descomplicada de comunidade cristã, vindos de igrejas que há 20 anos não lhe responderiam um telefonema. Ele pode ser visto como um “símbolo” do período de transição que a igreja evangélica brasileira atravessa. Um tempo em que ritos, doutrinas, tradições, dogmas, jargões e hierarquias estão sob profundo processo de revisão, apontando para uma relação com o Divino muito diferente daquela divulgada nos horários pagos da TV.
Estima-se que haja cerca de 46 milhões de evangélicos no Brasil. Seu crescimento foi seis vezes maior do que a população total desde 1960, quando havia menos de 3 milhões de fiéis espalhados principalmente entre as igrejas conhecidas como históricas (batistas, luteranos, presbiterianos e metodistas). Na década de 1960, a hegemonia passou para as mãos dos pentecostais, que davam ênfase em curas e milagres nos cultos de igrejas como Assembléia de Deus, Congregação Cristã no Brasil e O Brasil Para Cristo. A grande explosão numérica evangélica deu-se na década de 1980, com o surgimento das denominações neopentecostais, como a Igreja Universal do Reino de Deus e a Renascer. Elas tiraram do pentecostalismo a rigidez de costumes e a ele adicionaram a “teologia da prosperidade” (leia o quadro abaixo). Há quem aposte que até 2020 metade dos brasileiros professará à fé evangélica.
SÍMBOLO O cirurgião Irani Rosique (sentado, de camisa branca, com a Bíblia aberta no colo). Sem cargo de clérigo, ele mobiliza 2.500 pessoas no interior de Rondônia
Dentro do próprio meio, levantam-se vozes críticas a esse crescimento. Segundo elas, esse modelo de igreja, que prospera em meio a acusações de evasão de divisas, tráfico de armas e formação de quadrilha, tem sido mais influenciado pela sociedade de consumo que pelos ensinamentos da Bíblia. “O movimento evangélico está visceralmente em colapso”, afirma o pastor Ricardo Gondim, da igreja Betesda, autor de livros como Eu creio, mas tenho dúvidas: a graça de Deus e nossas frágeis certezas (Editora Ultimato). “Estamos vivendo um momento de mudança de paradigmas. Ainda não temos as respostas, mas as inquietações estão postas, talvez para ser respondidas somente no futuro.”
Nos Estados Unidos, a reinvenção da igreja evangélica está em curso há tempos. A igreja Willow Creek de Chicago trabalhava sob o mote de ser “uma igreja para quem não gosta de igreja” desde o início dos anos 1970. Em São Paulo, 20 anos depois, o pastor Ed René Kivitz adotou o lema para sua Igreja Batista, no bairro da Água Branca – e a ele adicionou o complemento “e uma igreja para pessoas de quem a igreja não costuma gostar”. Kivitz é atualmente um dos mais discutidos pensadores do movimento protestante no Brasil e um dos principais críticos da“religiosidade institucionalizada”. Durante seu pronunciamento num evento para líderes religiosos no final de 2009, Kivitz afirmou: “Esta igreja que está na mídia está morrendo pela boca, então que morra. Meu compromisso é com a multidão agonizante, e não com esta igreja evangélica brasileira.”
Essa espécie de “nova reforma protestante” não é um movimento coordenado ou orquestrado por alguma liderança central. Ela é resultado de manifestações espontâneas, que mantêm a diversidade entre as várias diferenças teológicas, culturais e denominacionais de seus ideólogos. Mas alguns pontos são comuns. O maior deles é a busca pelo papel reservado à religião cristã no mundo atual. Um desafio não muito diferente do que se impõe a bancos, escolas, sistemas políticos e todas as instituições que vieram da modernidade com a credibilidade arranhada. “As instituições estão todas sub judice”, diz o teólogo Ricardo Quadros Gouveia, professor da Universidade Mackenzie de São Paulo e pastor da Igreja Presbiteriana do Bairro do Limão. “Ninguém tem dúvida de que espiritualidade é uma coisa boa ou que educação é uma coisa boa, mas as instituições que as representam estão sob suspeita.”
Uma das saídas propostas por esses pensadores é despir tanto quanto possível os ensinamentos cristãos de todo aparato institucional. Segundo eles, a igreja protestante (ao menos sua face mais espalhafatosa e conhecida) chegou ao novo milênio tão encharcada de dogmas, tradicionalismos, corrupção e misticismo quanto a Igreja Católica que Martinho Lutero tentou reformar no século XVI. “Acabamos nos perdendo no linguajar ‘evangeliquês’, no moralismo, no formalismo, e deixamos de oferecer respostas para nossa sociedade”, afirma o pastor Miguel Uchôa, da Paróquia Anglicana Espírito Santo, em Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife. “É difícil para qualquer pessoa esclarecida conviver com tanto formalismo e tão pouco conteúdo.”
“É lisonjeador saber que nos consideram ‘pensadores’. Mas o grande problema dos evangélicos brasileiros não é de inteligência. É de ética e honestidade” RICARDO AGRESTE, pastor da Comunidade Presbiteriana Chácara Primavera, em Campinas, São Paulo
Uchôa lidera a maior comunidade anglicana da América Latina. Seu trabalho é reconhecido por toda a cúpula da denominação como um dos mais dinâmicos do país. Ele é um dos grandes entusiastas do movimento inglês Fresh Expressions, cujo mote é “uma igreja mutante para um mundo mutante”. Seu trabalho é orientar grupos cristãos que se reúnem em cafés, museus, praias ou pistas de skate. De maneira genérica, esses grupos são chamados de “igreja emergente” desde o final da década de 1990. “O importante não é a forma”, afirma Uchôa. “É buscar a essência da espiritualidade cristã, que acabou diluída ao longo dos anos, porque as formas e hierarquias passaram a ser usadas para manipular pessoas. É contra isso que estamos nos levantando.”
No meio dessa busca pela essência da fé cristã, muitas das práticas e discursos que eram característica dos evangélicos começaram a ser considerados dispensáveis. Às vezes, até condenáveis. Em Campinas, no interior de São Paulo, ocorre uma das experiências mais interessantes de recriação de estruturas entre as denominações históricas. A Comunidade Presbiteriana Chácara Primavera não tem um templo. Seus frequentadores se reúnem em dois salões anexos a grandes condomínios da cidade e em casas ao longo da semana. Aboliram a entrega de dízimos e as ofertas da liturgia. Os interessados em contribuir devem procurar a secretaria e fazê-lo por depósito bancário – e esperar em casa um relatório de gastos. Os sermões são chamados, apropriadamente, de “palestras” e são ministrados com recursos multimídias por um palestrante sentado em um banquinho atrás de um MacBook. A meditação bíblica dominical é comumente ilustrada por uma crônica de Luis Fernando Verissimo ou uma música de Chico Buarque de Hollanda.
“O que importa é buscar a essência do cristianismo, que acabou diluída porque as formas e hierarquias passaram a ser usadas para manipular pessoas” MIGUEL UCHÔA, pastor anglicano (à esquerda na foto, ao lado do bispo Robinson Cavalcanti, da Diocese do Recife)
“Os seminários teológicos formam ministros para um Brasil rural em que os trabalhos são de carteira assinada, as famílias são papai, mamãe, filhinhos e os pastores são pessoas respeitadas”, diz Ricardo Agreste, pastor da Comunidade e autor dos livros Igreja? Tô fora e A jornada (ambos lançados pela Editora Socep). “O risco disso é passar a vida oferecendo respostas a perguntas que ninguém mais nos faz. Há muita gente séria, claro, dizendo verdades bíblicas, mas presas a um formato ultrapassado.”
Outro ponto em comum entre esses questionadores é o rompimento declarado com a face mais visível dos protestantes brasileiros: os neopentecostais. “É lisonjeador saber que atraímos gente com formação universitária e que nos consideram ‘pensadores’”, afirma Ricardo Agreste. “O grande problema dos evangélicos brasileiros não é de inteligência, é de ética e honestidade.” Segundo ele, a velha discussão doutrinária foi substituída por outra. “Não é mais uma questão de pensar de formas diferentes a espiritualidade cristã”, diz. “Trata-se de entender que há gente usando vocabulário e elementos de prática cristã para ganhar dinheiro e manipular pessoas.”
Esse rompimento da cordialidade entre os evangélicos históricos e os neopentecostaisveio a público na forma de livros e artigos. A jornalista (evangélica) Marília Camargo César publicou no final de 2008 o livro Feridos em nome de Deus (Editora Mundo Cristão), sobre fiéis decepcionados com a religião por causa de abusos de pastores. O teólogo Augustus Nicodemus Lopes, chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie, publicou O que estão fazendo com a Igreja: ascensão e queda do movimento evangélico brasileiro (Mundo Cristão), retrato desolador de uma geração cindida entre o liberalismo teológico, os truques de marketing, o culto à personalidade e o esquerdismo político. Em um recente artigo, o presidente do Centro Apologético Cristão de Pesquisas, João Flavio Martinez, definiu como “macumba para evangélico” as práticas místicas da Igreja Universal do Reino de Deus, como banho de descarrego e sabonete com extrato de arruda.
Tais críticas, até pouco tempo atrás, ficavam restritas aos bastidores teológicos e às discussões internas nas igrejas. Livros mais antigos – como Supercrentes, Evangélicos em crise, Como ser cristão sem ser religioso e O evangelho maltrapilho (todos da editora Mundo Cristão) – eram experiências isoladas, às vezes recebidos pelos fiéis como desagregadores. “Parece que a sociedade se fartou de tanto escândalo e passou a dar ouvidos a quem já levantava essas questões há tempos”, diz Mark Carpenter, diretor-geral da Mundo Cristão.
“As pessoas não querem mais dogmas, elas querem autenticidade. Minha postura é, juntos, buscarmos algumas respostas satisfatórias a nossas inquietações” ED RENÉ KIVITZ, pastor da Igreja Batista da Água Branca, em São Paulo
O pastor Kivitz – que publicou pela Mundo Cristão seus livros Outra espiritualidade e O livro mais mal-humorado da Bíblia – distingue essa crítica interna daquela feita pela mídia tradicional aos neopentecostais “A mídia trata os evangélicos como um fenômeno social e cultural. Para fazer uma crítica assim, basta ter um pouco de bom-senso. Essa crítica o (programa) CQC já faz, porque essa igreja é mesmo um escracho”, diz ele. “Eu faço uma crítica diferente, visceral, passional, porque eu sou evangélico. E não sou isso que está na televisão, nas páginas policiais dos jornais. A gente fica sem dormir, a gente sofre e chora esse fenômeno religioso que pretende ser rotulado de cristianismo.”
A necessidade de se distinguir dos neopentecostais também levou essas igrejas a reconsiderar uma série de práticas e até seu vocabulário. Pastores e “leigos” passam a ocupar o mesmo nível hierárquico, e não há espaço para “ungidos” em especial. Grandes e imponentes catedrais e “cultos shows” dão lugar a reuniões informais, em pequenos grupos, nas casas, onde os líderes podem ser questionados, e as relações são mais próximas. O vocabulário herdado da teologia triunfalista do Antigo Testamento (vitória, vingança, peleja, guerra, maldição) é reconsiderado. Para superar o desgaste dos termos, algumas igrejas preferem ser chamadas de “comunidades”, os cultos são anunciados como “reuniões” ou “celebrações” e até a palavra “evangélico” tem sido preterida em favor de “cristão” – o termo mais radical. Nem todo mundo concorda, evidentemente. “Eles (os neopentecostais) é que não deveriam ser chamados de evangélicos”, afirma o bispo anglicano Robinson Cavalcanti, da Diocese do Recife. “Eles é que não têm laços históricos, teológicos ou éticos com os evangélicos.”
Um dos maiores estudiosos do fenômeno evangélico no Brasil, o sociólogo Ricardo Mariano (PUC-RS), vê como natural o embate entre neopentecostais e as lideranças de igrejas históricas. Ele lembra que, desde o final da década de 1980, quando o neopentecostalismo ganhou força no Brasil, os líderes das igrejas históricas se levantaram para desqualificar o movimento. “O problema é que não há nenhum órgão que regule ou fale em nome de todos os evangélicos, então ninguém tem autoridade para dizer o que é uma legítima igreja evangélica”, afirma.
Procurado por ÉPOCA, Geraldo Tenuta, o Bispo Gê, presidente nacional da Igreja Renascer em Cristo, preferiu não entrar em discussões. “Jesus nos ensinou a não irmos contra aqueles que pregam o evangelho, a despeito de suas atitudes”, diz ele. “Desde o início, éramos acusados disto ou daquilo, primeiro porque admitíamos rock no altar, depois porque não tínhamos usos e costumes. Isso não nos preocupa. O que não é de Deus vai desaparecer, e não será por obra dos julgamentos.” A Igreja Universal do Reino de Deus – que, na terceira semana de julho, anunciou a construção de uma “réplica do Templo de Salomão” em São Paulo, com “pedras trazidas de Israel” e “maior do que a Catedral da Sé” – também foi procurada por ÉPOCA para comentar os movimentos emergentes e as críticas dirigidas à igreja. Por meio de sua assessoria, o bispo Edir Macedo enviou um e-mail com as palavras: “Sem resposta”.
O sociólogo Ricardo Mariano, autor do livro Neopentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil (Editora Loyola), oferece uma explicação pragmática para a ruptura proposta pelo novo discurso evangélico. Ateu, ele afirma que o objetivo é a busca por uma certa elite intelectual, um público mais bem informado, universitário, mais culto que os telespectadores que enchem as igrejas populares. “Vivemos uma época em que o paciente pesquisa na internet antes de ir ao consultório e é capaz de discutir com o médico, questionar o professor”, diz. “Num ambiente assim, não tem como o pastor proibir nada. Ele joga para a consciência do fiel.”
A maior parte da movimentação crítica no meio evangélico acontece nas grandes cidades. O próprio pastor Kivitz afirma que “talvez não agisse da mesma forma se estivesse servindo alguma comunidade em um rincão do interior” e que o diálogo livre entre púlpito e auditório passa, necessariamente, por uma identificação cultural. “As pessoas não querem dogmas, elas querem honestidade”, diz ele. “As dúvidas delas são as minhas dúvidas. Minha postura é, juntos, buscarmos respostas satisfatórias a nossas inquietações.”
Por isso mesmo, Ricardo Mariano não vê comparação entre o apelo das novas igrejas protestantes e das neopentecostais. “O destino desses líderes será ‘pescar no aquário’, atraindo insatisfeitos vindos de outras igrejas, ou continuar falando para meia dúzia de pessoas”, diz ele. De acordo com o presbiteriano Ricardo Gouveia, “não há, ou não deveria haver, preocupação mercadológica” entre as igrejas históricas. “Não se trata de um produto a oferecer, que precise ocupar espaço no mercado”, diz ele. “Nossa preocupação é simplesmente anunciar o evangelho, e não tentar ‘melhorá-lo’ ou torná-lo mais interessante ou vendável.”
O advento da internet foi fundamental para pastores, seminaristas, músicos, líderes religiosos e leigos decidirem criar seus próprios sites, portais, comunidades e blogs. Um vídeo transmitido pela Igreja Universal em Portugal divulgando o Contrato da fé – um “documento”, “autenticado” pelos pastores, prometendo ao fiel a possibilidade de se “associar com Deus e ter de Deus os benefícios” – propagou-se pela rede, angariando toda sorte de comentários. Outro vídeo, em que o pregador americano Moris Cerullo, no programa do pastor Silas Malafaia, prometia uma “unção financeira dos últimos dias” em troca de quem “semear” um “compromisso” de R$ 900 também bombou na rede. Uma cópia da sentença do juiz federal Fausto De Sanctis (lembre AQUI) condenando os líderes da Renascer Estevam e Sônia Hernandes por evasão de divisas circulou no final de 2009. De Sanctis afirmava que o casal “não se lastreia na preservação de valores de ética ou correção, apesar de professarem o evangelho”. “Vergonha alheia em doses quase insuportáveis” foi o comentário mais ameno entre os internautas.
Sites como Pavablog, Veshame Gospel, Irmãos.com, Púlpito Cristão, Caiofabio.net ou Cristianismo Criativo fazem circular vídeos, palestras e sermões e debatem doutrinas e notícias com alto nível de ousadia e autocrítica. De um grupo de blogueiros paulistanos, surgiu a idéia da Marcha pela ética, um protesto que ocorre há dois anos dentro da Marcha para Jesus (evento organizado pela Renascer). Vestidos de preto, jovens carregam faixas com textos bíblicos e frases como “O $how tem que parar” e “Jesus não está aqui, ele está nas favelas”.
A maior parte desses blogueiros trafega entre assuntos tão diversos como teologia, política, televisão, cinema e música popular. O trânsito entre o “secular” e o “sagrado” é uma das características mais fortes desses novos evangélicos. “A espiritualidade cristã sempre teve a missão de resgatar a pessoa e fazê-la interagir e transformar a sociedade”, diz Ricardo Agreste. “Rompemos o ostracismo da igreja histórica tradicional, entramos em diálogo com a cultura e com os ícones e pensamento dessa cultura e estamos refletindo sobre tudo isso.”
Em São Paulo, o capelão Valter Ravara criou o Instituto Gênesis 1.28, uma organização que ministra cursos de conscientização ambiental em igrejas, escolas e centros comunitários. “É a proposta de Jesus, materializar o amor ao próximo no dia a dia”, afirma Ravara. “O homem sem Deus joga papel no chão? O cristão não deve jogar.” Ravara publicou em 2008 a Bíblia verde, com laminação biodegradável, papel de reflorestamento e encarte com textos sobre sustentabilidade.
“O homem sem Deus joga papel no chão? O cristão não deve jogar. É a proposta de Jesus, materializar o amor ao próximo no dia a dia” VALTER RAVARA, “ecocapelão”, criador do Instituto Gênesis 1.28 e da Bíblia verde
A então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, escreveu o prefácio da Bíblia verde. Sua candidatura à Presidência da República angariou simpatia de blogueiros e tuiteiros, mas não o apoio formal da Assembléia de Deus, denominação a que ela pertence. A separação entre política e religião pregada por Marina é vista como um marco da nova inserção social evangélica. O vereador paulistano e evangélico Carlos Bezerra Jr. afirma que o dever do político cristão é “expressar o Reino de Deus” dentro da política. “É o oposto do que fazem as bancadas evangélicas no Congresso, que existem para conseguir facilidades para sua denominação e sustentar impérios eclesiásticos”, diz ele.
DA WEB ÀS RUAS – Blogueiros que organizam a Marcha pela ética, um movimento de protesto incrustado dentro da Marcha para Jesus, promovida pela Renascer
DA WEB ÀS RUAS – Blogueiros que organizam a Marcha pela ética, um movimento de protesto incrustado dentro da Marcha para Jesus, promovida pela Renascer
O raciocínio antissectário se espalhou para a música. Nomes como Palavrantiga, Crombie, Tanlan, Eduardo Mano, Helvio Sodré e Lucas Souza se definem apenas como “música feita por cristãos”, não mais como “gospel”. Eles rompem os limites entre os mercados evangélico e pop. O antissectarismo torna os evangélicos mais sensíveis a ações sociais, das parcerias com ONGs até uma comunidade funcionando em plena Cracolândia, no centro de São Paulo. “No fundo, nossa proposta é a mesma dos reformadores”, diz o presbiteriano Ricardo Gouveia. “É perceber o cristianismo como algo feito para viver na vida cotidiana, no nosso trabalho, na nossa cidadania, no nosso comportamento ético, e não dentro das quatro paredes de um templo.”
A teologia chama de “cristocêntrico” o movimento empreendido por esses crentes que tentam tirar o cristianismo das mãos da estrutura da igreja – visão conhecida como “eclesiocêntrica” – e devolvê-lo para a imaterialidade das coisas do espírito. É uma versão brasileiramente mais modesta do que a Igreja Católica viveu nos tempos da Reforma Protestante. Desta vez, porém, dirigida para a própria igreja protestante. Depois de tantos desvios, vozes internas levantaram-se para propor uma nova forma de enxergar o mundo. E, como efeito, de ser enxergadas por ele. Nas palavras do pastor Kivitz: “Marx e Freud nos convenceram de que, se alguém tem fé, só pode ser um estúpido infantil que espera que um Papai do Céu possa lhe suprir as carências. Mas hoje gostaríamos de dizer que o cristianismo tem, sim, espaço para contribuir com a construção de uma alternativa para a civilização que está aí. Uma sociedade que todo mundo espera, não apenas aqueles que buscam uma experiência religiosa”.
Aprofundando a “Nova Reforma Protestante”
Retirei do site http://www.causapropria.com.br do autor da matéria Ricardo AlexandreSemana passada eu colaborei com a revista Época, edição nacional, com a reportagem de capa “A nova reforma protestante”. Foram nove meses para apurar, escrever, pautar fotos e editar sob condições de trabalho que raramente temos nessa profissão. Em termos de repercussão e alcance, talvez seja o trabalho mais importantes nos meus 17 anos de carreira. E também o que envolveu a maior quantidade de sentimentos e convicções pessoais e profissionais.
Evidentemente, apesar do espaço ocupado (nove páginas), a reportagem era só uma introdução a um tema sem fim, a saber: há uma movimentação entre igrejas e movimentos evangélicos que dialoga com o público mais esclarecido leitor da Época e que não só não se parece com o tipo de “gospel” que ele vê nas páginas policiais como o rechaça tanto quanto o nosso leitor. Que esse movimento, no fundo, é mais uma tentativa de recuperar a “igreja” a qual Jesus Cristo se referia em Mateus 16:18, daí o título – “nova reforma protestante”, sem pretensões de cunhar nenhum termo realmente. Para quem ainda não leu a reportagem, o link oficial é este aqui, mas um monte de gente reproduziu o texto na íntegra, como o Pavablog (Parte 1,Parte 2 e Parte 3).
Fiquei muito feliz e grato a Deus pela forma com que o espírito da reportagem foi bem compreendido. A própria página de comentários do site da Época se transformou em palco de discussões muito lúcidas e inteligentes. Confira aqui.
E achei muito bacana que o texto tenha dado origem a discussões importantes em outros fóruns. Abaixo, peço licença para fazer uma pequena lista dos que mais me chamaram a atenção:
» Augustus Nicodemus Lopes, a quem respeito e admiro enormemente, usou da reportagem para aprofundar a discussão sobre o liberalismo teológico em seu blog O Tempora! O Mores!
» Paulo Siqueira, do site As Pedras Clamam, fez uma excelente prospecção do texto à luz do pentecostalismo. Ele toca em um ponto para o qual eu nunca havia atentado: a falta de uma teologia pentecostal. Seu texto está aqui.
» Quem se interessa por design e jornalismo, eu recomendaria este post do blog Faz Caber explicando como a capa da revista foi concebida.
» Um das críticas mais comuns feitos pelos irmãos pentecostais é que eu teria pegado pesado demais em definir a visão neopentecostal do dízimo. No texto, eu disse que o discurso de igrejas adeptas da teologia da prosperidade é que a fidelidade do crente é usada pelo fiel na esperança de constranger Deus a resolver seus problemas pessoais. “Ninguém pode constranger a Deus!”, várias pessoas me escreveram dizendo. Bem, não fui eu quem disse isso, foi o Edir Macedo. Veja com seus próprios olhos: “Se nós fizermos nossa parte num pacto com Deus, passamos a ter o direito de cobrar dEle Suas Promessas. E Ele, por sua vez, fica obrigado a cumprir a parte dEle.”
» O bispo anglicano dom Robinson Cavalcanti escreveu uma carta muito interessante dizendo-se “deslocado” do contexto da reportagem. Ele tem razão: a versão original do texto, muito maior, tinha outras aspas do bispo em contextos mais adequados, como o papel da igreja protestante na política brasileira. Na edição final, ele acabou entrando em um contexto que pode sugerir que ele, que não tem nada a ver com todo aquele papo de “desinstitucionalização” estivesse contrariando seus princípios. Ele escreveu um comunicado no site da sua Diocese e nós o publicamos na última seção de Cartas da revista.
» Evidentemente, como bem notou o Caio Fábio, o texto não defende em nenhum momento o fim das denominações tradicionais ou a destruição das igrejas instituídas. Minha intenção era mostrar que alguns movimentos mais alternativos estão, pela primeira vez, sendo analisados com seriedade pelas igrejas históricas e muitas de suas lições estão sendo debatidas e, eventualmente, assimiladas. O pastor Miguel Uchoa, também da Diocese do Recife da Igreja Anglicana publicou um post muito interessante e equilibrado sobre isso.
» Bem, e falando em Caio Fábio, no vídeo abaixo, o pastor diz que a reportagem não tem nada de novo e mostra “todo o seu carinho” aos pastores entrevistados por mim. Você pode tirar suas próprias conclusões, mas não pode deixar comentários na página do Youtube:
» No dia seguinte, ele postou novo vídeo, talvez para se fazer entender melhor. Chamou todo mundo de “bundão” outra vez:
» Por último, gostaria de fazer um esclarecimento e uma correção. O esclarecimento é que, ao contrário do que o Caio sugere, eu não congrego em nenhuma das comunidades citadas na reportagem e nunca havia sequer conversado com nenhum dos pastores antes de começar a reportagem. Muito menos recebi a pauta por encomenda. Foi uma idéia minha que eu apresentei à Época no final do ano passado e que assumi com a condição de não ter data para entregar – e a própria pauta mudou algumas vezes durante a apuração, como deve ser durante um trabalho de apuração honesto. Desculpe se isso soa arrogante, mas eu jamais faria um trabalho nas condições de isenção e ética discutíveis como as que o reverendo sugere.
» A correção que eu gostaria de fazer já foi publicada na edição 639 que está nas bancas, mas vale aprofundar aqui: há um erro de informação histórica naquele quadro “Redenção e rupturas” que tenta explicar graficamente a história e os principais grupos cristãos. Fui frustrado na tentativa de sintetizar a frase original, que falava da conversão de Constantino e da oficialização do cristianismo como religião oficial do Império Romano, feita por Teodósio em 380 dC. O que Constantino fez, convertido ao cristianismo do jeito dele, foi garantir a liberdade religiosa e revogar o culto imperial como religião oficial. Evidentemente, ele lançou as bases de prática cristã que seriam oficializadas algumas décadas depois, mas a informação editada estava mesmo errada. Fui cortando e cortando até caber no lay-out e o texto ficou com o nome de um e a data do outro. Milhões de perdões e obrigado pelas dezenas de pessoas que escreveram notando o vacilo.
Quem é Ricardo Alexandre
Meu nome é Ricardo Alexandre (mesmo: Alexandre é sobrenome), tenho 35 anos e sou jornalista. Desde 1993, tenho trabalhado a maior parte do tempo com conteúdo, edição e informação ligado a cultura pop. Nasci em Jundiaí, onde moro com minha esposa e meus dois filhos. Que mais?
• Sou diretor de redação da revista Época São Paulo, uma publicação mensal da Editora Globo que circula toda última semana do mês junto com a revista Época e traz grandes reportagens e roteiro cultural e gastronômico da cidade. A Época São Paulo tem uma circulação de 180 mil exemplares e é um dos projetos mais modernos e vitoriosos da imprensa brasileira atualmente. Isso eu posso dizer porque só entrei depois do projeto pronto ;-)
Tenho dois livros publicados. O primeiro é o "Dias de Luta - O Rock e o Brasil dos Anos 80" (2002). O segundo é "Nem Vem Que Não Tem - A Vida e o Veneno de Wilson Simonal" (2009).
Para quem tiver paciência e quiser saber mais sobre esta criatura que aqui escreve, recomendo uma entrevista loooonga que dei, junto com meus amigos Alexandre Matias e Pedro Alexandre Sanches, para o site Gafieiras, em que elocubramos sobre jornalismo musical.
Abaixo, uma cronologia de algumas coisas que fiz desde 1993:
• Sou diretor de redação da revista Época São Paulo, uma publicação mensal da Editora Globo que circula toda última semana do mês junto com a revista Época e traz grandes reportagens e roteiro cultural e gastronômico da cidade. A Época São Paulo tem uma circulação de 180 mil exemplares e é um dos projetos mais modernos e vitoriosos da imprensa brasileira atualmente. Isso eu posso dizer porque só entrei depois do projeto pronto ;-)
Tenho dois livros publicados. O primeiro é o "Dias de Luta - O Rock e o Brasil dos Anos 80" (2002). O segundo é "Nem Vem Que Não Tem - A Vida e o Veneno de Wilson Simonal" (2009).
Para quem tiver paciência e quiser saber mais sobre esta criatura que aqui escreve, recomendo uma entrevista loooonga que dei, junto com meus amigos Alexandre Matias e Pedro Alexandre Sanches, para o site Gafieiras, em que elocubramos sobre jornalismo musical.
Abaixo, uma cronologia de algumas coisas que fiz desde 1993:
2009/2010
Em outubro de 2009, foi lançado meu segundo livro, "Nem vem que não tem - A vida e o veneno de Wilson Simonal". O livro venceu o Prêmio Jabuti 2010 como a melhor biografia do ano.
Sob minha direção, a revista Época São Paulo ganhou o prêmio Veículos de Comunicação 2009 na categoria “lançamento do ano”, três prêmios de excelência da Society for News Design de Nova York (2010) e os prêmios Abrelpe de reportagem, Sindipan/Aipan de Jornalismo (2009) e Abraciclo de jornalismo na categoria “revista” em 2009.
Sob minha direção, a revista Época São Paulo ganhou o prêmio Veículos de Comunicação 2009 na categoria “lançamento do ano”, três prêmios de excelência da Society for News Design de Nova York (2010) e os prêmios Abrelpe de reportagem, Sindipan/Aipan de Jornalismo (2009) e Abraciclo de jornalismo na categoria “revista” em 2009.
2008
No início de 2008, fui convidado a assumir a direção da revista Monet, a revista que a Editora Globo faz para a Net, a maior operadora de tv paga do Brasil. A Monet tem cerca de 200 mil assinantes. Em outubro, fui convidado para assumir a Época São Paulo.
2007
Depois que a Bizz acabou de vez, fui convidado a colaborar em vários projetos. Fui editor-executivo da revistaFantástico, braço em papel do programa da TV Globo. Também estreei oCoffee Break, uma coluna sobre cultura dentro do Jornal Ideal, do Canal Ideal (TVA). Foi a minha primeira e muito gratificante experiência fixa com televisão. Também atuei como consultor artístico para a gravadora Som Livre, além de desenvolver diversos projetos especiais para empresas e agências.
2005/2007
Cuidei do projeto de ressurreição da revista Bizz dentro da editora em que ela nasceu 20 anos antes, a Editora Abril. Oficialmente, fui editor-chefe, mas atuava também como gestor da marca, bolando projetos comerciais e editoriais, aprovando campanhas e pensando em estratégias de marketing para a revista. Nesse período, a Bizz ganhou dois Prêmios Abril (2006 e 2007), em categorias de texto e design e foi indicada para outros três. A revista acabou, de novo, em agosto de 2007.
2003/2005
Durante esses dois anos, trabalhei como jornalista free-lancer. Colaborei em diversos veículos para os quais nunca havia escrito, como Carta Capital, Revista MTV , Capricho,Superinteressante, e Folha de S.Paulo. Também escrevi outros dois livros, ambos para a coleção “Para Saber Mais” de pocket-books da Superinteressante; cuidei dos volumes “Beatles” e “Punk”. Escrevi também o livro oficial comemorativo dos 20 anos da rádio 89FM de São Paulo – um livro que nunca saiu, porque a rádio mudou seu direcionamento artístico.
Um dos trabalhos mais legais que fiz nessa época foi cuidar da direção editorial da caixa Wilson Simonal na Odeon, que reuniu todos os discos que o Simonal lançou entre 1961 e 1971.
2002
Depois de seis anos de trabalho, publiquei meu primeiro livro, “Dias de Luta – O Rock e O Brasil dos Anos 80”, pela editora DBA, com 400 páginas.
2001/2002
Editei, junto com os jornalistas Emerson Gasperin e Marcelo Ferla, duas revistas independentes, a “Frente” e a “DJ World”.
2000/2001
Fui convidado pelo grande Pedro Só para chefiar a área de jornalismo do site Usina do Som que, na época, era o maior site de música da América Latina. O projeto que desenvolvemos ali levou o site à marca de 1 milhão de usuários. Naquele ano, a Usina do Som venceu o prêmio iBest em seis categorias.
1998/2000
Durante a famosa “bolha” da internet, fui convidado para assumir a “gerência de conteúdo” de um site, que foi a primeira iniciativa das Organizações Globo na web. O site entrou no ar com o nome de Somlivre.Com, e era uma mistura de loja de discos/dvds com revista eletrônica. Era um projeto muito bacana, mas que, como quase tudo relativo à indústria fonográfica, acabou dali alguns anos.
Nessa mesma fase, fiz meus primeiros projetos em disco, cuidando dos textos e repertório de caixas da Globodisk, como os títulos “Bossa Nova” e “Bravo! O Melhor da Música Clássica”.
Nessa mesma fase, fiz meus primeiros projetos em disco, cuidando dos textos e repertório de caixas da Globodisk, como os títulos “Bossa Nova” e “Bravo! O Melhor da Música Clássica”.
1994/1998
No dia 04 de janeiro de 1994, eu apareci na redação do suplemento Zap!, o caderno de adolescentes do Estadão, com algumas páginas arrancadas do “Jornal de Jundiaí”, tentando convence-los de que poderia escrever ali – afinal, eu era adolescente também. Acabei assumindo uma coluninha dedicada à novas bandas e artistas independentes, numa época em que pipocavam novidades como Raimundos, Mundo Livre S/A, Chico Science, Planet Hemp e Skank.
Por coincidência, na semana que eu comecei por lá, vagou o cargo de editor da seção “Radical”, dentro do Caderno 2, dedicado a assuntos “alternativos”. Assim, aos19 anos, assumi o posto de colunista no Zap! (em 1995 fui convidado para trabalhar como repórter, batendo cartão e tudo) e também no Caderno 2. Dali um tempo, apresentei um projeto de transformar o “Radical” em “Caderno Z”, que nada mais era do que uma imitação deslavada do"Rio Fanzine" que os grandes Tom Leão e Carlos Albuquerque faziam n’O Globo.
Ao mesmo tempo, eu escrevia na revista "Bizz" e na “General”, que era feita pelo povaréu que saiu da “Bizz” no início de 1994. A “Bizz” precisava de gente nova para ocupar o buraco deixado pelos demissionários e a “General” precisava de desesperados que topassem escrever de graça. Era um sonho duplo, escrever na revista que marcou minha adolescência e escrever para caras que eu lia com tanta admiração.
1993
Quando meu amigo Carlos Primati (que eu conheci graças ao pequeno mundo do rock’n’roll jundiaiense, e para quem já havia escrito algumas coisas amadoras) assumiu a área de cultura do Jornal de Jundiaí, ele me deu a famosa primeira chance. Eu fiquei três meses escrevendo sobre bandas novas, rock alternativo e esquisitices do gênero até ser demitido. Sem saber se tinha mesmo talento para a coisa, esperei passar o período de festas e no início de 1994 fui para São Paulo, bater na porta dos veículos que eu lia.
Infelizmente, nunca mais fiz nada em Jundiaí. Até já bolei projetos bacanas, mas ninguém nunca me recebeu para conversar.
Quem sabe um dia eu chego lá (aqui)?
Infelizmente, nunca mais fiz nada em Jundiaí. Até já bolei projetos bacanas, mas ninguém nunca me recebeu para conversar.
Quem sabe um dia eu chego lá (aqui)?
Um comentário:
Poh mano faça uma reportagem sobre o Pastor Ricardo Kitaoca veja a biografia dele no site da IMDV - www.imdv.com.br
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